Casa assombrada

Em uma pequena cidade no interior, havia uma casa abandonada conhecida como a Casa dos Murmúrios. Durante o dia, era apenas uma velha construção de madeira, com janelas quebradas e o telhado desmoronando. Mas à noite, a casa ganhava vida de uma maneira perturbadora. As pessoas da cidade evitavam passar por ali, pois diziam que podiam ouvir sussurros, choros e risadas malignas vindas de dentro.

Há muito tempo, uma família rica morava na Casa dos Murmúrios. Eram os Beaumont: o senhor Henry, sua esposa Margareth e sua filha pequena, Emily. Em uma noite chuvosa, uma tragédia aconteceu. Henry enlouqueceu e, em um surto de fúria, matou Margareth e Emily antes de se enforcar no sótão. Desde então, a casa ficou abandonada e ganhou sua reputação sinistra.

Lucas, um jovem cético da cidade, decidiu que iria provar que tudo não passava de superstições. Ele reuniu um grupo de amigos para passar a noite na Casa dos Murmúrios. Armados com lanternas, cobertores e câmeras, eles chegaram ao entardecer e se instalaram na sala principal, onde o ar parecia mais frio e pesado do que o normal.

No começo, tudo estava tranquilo. Eles riam, contavam histórias e tiravam fotos. Mas, à medida que a noite avançava, as coisas começaram a mudar. As luzes das lanternas piscavam sem motivo aparente. Correntes de ar gélido cortavam a sala, apesar de todas as janelas estarem fechadas.

De repente, Lucas ouviu um sussurro próximo ao seu ouvido. “Saia daqui…” Ele se virou rapidamente, mas não viu ninguém. A risada de uma criança ecoou pelo corredor, seguida por um grito estridente que fez todos se encolherem de medo. Lucas tentou tranquilizar seus amigos, dizendo que era apenas o vento ou a casa velha rangendo. Mas ele próprio começava a duvidar de suas palavras.

Enquanto investigavam a origem dos sons, eles se depararam com um espelho antigo coberto por um lençol. Quando o puxaram, viram refletidos não apenas a si mesmos, mas também as figuras pálidas de Henry, Margareth e Emily, que pareciam observá-los com olhares vazios e acusadores. O espelho trincou-se, e os amigos sentiram uma pressão esmagadora no peito, como se algo invisível os estivesse sufocando.

Pânico se instalou no grupo. Tentaram correr para a porta, mas ela estava trancada, e as janelas, inexplicavelmente seladas. Os murmúrios tornaram-se ensurdecedores, palavras indistinguíveis misturadas com gemidos de agonia e gargalhadas de loucura. Um dos amigos, Ana, caiu de joelhos, chorando e pedindo para sair dali. Lucas, tomado pelo desespero, tentou arrombar a porta, mas foi arrastado por uma força invisível para o centro da sala.

A última coisa que Lucas viu foi o rosto distorcido de Henry inclinando-se sobre ele, seus olhos vazios cheios de um ódio eterno. Então, tudo ficou escuro.

Na manhã seguinte, a polícia encontrou a casa em silêncio, mas os amigos de Lucas estavam desaparecidos. No chão da sala, havia apenas as marcas de arranhões desesperados e um velho espelho quebrado. As autoridades nunca descobriram o que realmente aconteceu, mas a lenda da Casa dos Murmúrios se fortaleceu, e ninguém jamais se atreveu a entrar lá novamente.

Os murmúrios, no entanto, continuaram, e a casa ficou à espera de suas próximas vítimas, pronta para consumir qualquer um que ousasse desafiar seus segredos sombrios.